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20/11/2020
por Cristiane Viegas
Ativista Marco Aurélio Bica
Foto: Arquivo Pessoal
O dia 20 de novembro marca a Semana Nacional da Consciência Negra, oficialmente esse dia foi incluído no calendário nacional, por meio da lei n°12.519, de 10 de novembro de 2011. A data é dedicada à reflexão sobre a inlusão do negro na sociedade brasileira e foi escolhida por marcar a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista.
A semana que vai de 15 a 21 de novembro é toda dedicada ao tema com atividades diversas em todo o país. É um momento importante e de reconhecimento de um povo marcado por duras lutas. O racismo ainda está entre as pautas mais debatidas nas programações, junto com a discriminação, igualdade social, inclusão de negros na sociedade e a cultura afro-brasileira.
Para participar desse momento tão importante, nós conversamos com o oficineiro dos Centros de Atenção Psicossocial, do IBSAÚDE, Marco Aurélio Bica. Além da atuação nas unidades,o colaborador também é um ativista cultural, rei momo de carnaval e militante do movimento negro . Bica, começou nossa conversa destacando alguns detalhes referente à data e sobre o que considera essencial no debate atual.
“Semana de Consciência Negra é sempre de reflexão, de pensar no que alcançamos, no que retrocedemos. E infelizmente, em apenas 5.570 municípios do Brasil, só 15% faz feriado. Somos 56%, é o que diz o IBGE, e a comunidade negra teve sua contribuição para o país, e eu não quero falar sobre escravidão e sofrimento, mas sobre empoderamento”, enfatizou.
Entre as conquistas mais recentes o ativista elege o resultado das eleições municipais, sobretudo em Porto Alegre, que elegeu cinco vereadores negros, sendo quatro mulheres negras. A história do legislativo municipal de Porto Alegre iniciou no ano de 1773, mas a inclusão das mulheres negras nesse espaço levou mais de dois séculos para acontecer. A primeira negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Vereadores, como titular foi Teresa Franco, uma mulher da periferia , mais conhecida como Nega Diaba, entre 1997 e 2000, pelo PTB. Ela foi vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos nos anos de 1997, 1998 e 2000. Faleceu em 2001.
“Começamos a avançar e se queremos mudanças o negro tem que estar no poder. Há anos o movimento negro vem lutando e muitas iniciativas e políticas públicas do país saem do nosso movimento, das nossas assembleias, das conferências e diálogos da comunidade negra. Quero parabenizar os eleitores!”.
O ativista ressalta ainda a conquista do Conselho Nacional de Igualdade Racial e as cotas em universidades, cursos e concursos.
“Isso é de comemorarmos! É fruto de um extenso trabalho, de muitos anos, dos nossos ancestrais, que talvez já se encontrem mais aqui, mas que começaram o movimento negro e não puderam ver o resultado dessa obra ser concretizada”.
Entre os avanços que ainda precisam acontecer, Bica acrescentou:
“Sabemos que muitos irmãos ainda sofrem a discriminação, a desigualdade e o preconceito, mas nós vamos vencer. Graças ao Zumbi dos Palmares, ele tem nos acompanhado. Precisamos ainda mais de políticas públicas, precisamos arrancar das organizações o racismo institucionalizado com a força da nossa ancestralidade e do legado deixado pelos nossos líderes Zumbi dos Palmares, Nelson Mandela e Martin Luther King”, destacou.